O que é a Neuropsicologia
A neuropsicologia é uma área da psicologia que se concentra no estudo da relação entre o cérebro, a cognição e o comportamento humano, buscando compreender como alterações funcionais, processos de desenvolvimento e lesões, impactam as funções mentais. O campo combina conhecimentos de neurociência, psicologia e neurologia para entender como as funções cerebrais influenciam processos cognitivos, emocionais e comportamentais. E atua, tanto na avaliação diagnóstica quanto na intervenção e reabilitação.
Conheça
O que se investiga na avaliação Neuropsicológica
TDAH
(Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade)
TEA
(Transtorno do Espectro Autista)
TOD
(Transtorno Opositivo e Desafiante)
DI
(Deficiência Intelectual)
Bipolaridade
Altas Habilidades e Superdotação
Transtornos de Aprendizagem
Depressão
Ansiedade
Demências
Conheça as
PRINCIPAIS FUNÇÕES AVALIADAS
1. Atenção:
A atenção é um domínio central e importante, considerando que funcionamos em um ambiente repleto de informações, que devem então ser selecionadas de acordo com os objetivos pretendidos, sejam eles conscientes ou não. De forma breve a Atenção Seletiva é a capacidade de selecionar em qual estímulo focar, ignorando os demais estímulos distratores. A Atenção Dividida envolve focar em dois ou mais estímulos distintos simultaneamente. A Atenção Alternada é a capacidade de alternar entre estímulos sucessivamente. E por fim, a Atenção Sustentada ou Concentrada se refere a capacidade de sustentar o fico em determinada atividade por tempo prolongado. Pode estar relacionada a transtornos do TDAH e sequelas de traumatismos.
2. Memória
A memória é um conjunto de processos responsáveis por codificar, armazenar e recuperar informações. Divide-se em:
Memória de curto prazo – guarda informações por períodos breves.
Memória de longo prazo – mantém informações por tempo prolongado, podendo ser:
Declarativa (explícita) – envolve lembranças conscientes, como fatos e eventos.
Não-declarativa (implícita) – Tem impactos em quadros como demências e amnésas.
3. Linguagem
A linguagem é um domínio cognitivo amplo e envolve desde elementos mais básicos, tal como fonologia, a elementos mais complexos, como a compreensão verbal.
A Compreensão verbal é o domínio da linguagem que envolve aspectos como a compreensão de palavras isoladas, comandos simples e complexos, e processamentos sintáticos. A Escrita e a Leitura se referem as capacidades de traduzir sons em símbolos e símbolos em sons. A nomeação envolve a capacidade de acessar os rótulos das palavras armazenados e produzir verbalmente os nomes. O Discurso corresponde a capacidade de comunicação geral a respeito de um determinado tópico, através de um conjunto bem encadeado de sentenças. Pode estar relacionado com Afasias (Broca, Wernicke, global, etc.), como foco clássico de estudo das afasias.
4. Funções Executivas:
As funções executivas são processos mentais que possibilitam ao indivíduo planejar, monitorar e ajustar seu comportamento para alcançar metas. Entre elas, destacam-se:Planejamento: capacidade de organizar e antecipar etapas para atingir um objetivo.Controle inibitório: habilidade de conter respostas automáticas inadequadas.Flexibilidade cognitiva: aptidão para adaptar-se a mudanças e novas situações.Tomada de decisão: escolha do curso de ação mais adequado conforme o contexto.Memória operacional: manutenção e manipulação temporária de informações.Fluência verbal e comportamental: produção ágil e organizada de respostas dentro de uma categoria.Essas habilidades estão intimamente relacionadas ao funcionamento do córtex frontal.
5. Praxias:
As praxias se referem às habilidades que permitem ao indivíduo executar ações voltadas a um fim através de atividades motoras. A praxia Ideomotora se refere a realização de gestos simples ou simbólicos. A praxia Ideatória envolve a realização de uma sequência de gestos complexos de forma lógica e harmoniosa. A praxia Mielocinética se refere a realização de movimentos finos.
6. Percepção:
A percepção (gnosia) é o domínio que fornece sentido e interpretação para os estímulos sensoriais recebidos, de forma a constituir uma percepção integrada do meio. Somos capazes de interpretar as características físicas dos objetos e rostos, e então acessar as informações que temos armazenadas sobre eles.
7. Habilidades Visuoespaciais e Motoras:
Avaliação da capacidade de perceber e manipular informações visuais e espaciais, como reconhecimento de formas e orientação no espaço, por exemplo: bidimensionais para tridimensionais. Avaliação das praxias (capacidade de realizar movimentos voluntários organizados). Avaliação de agnosias e apraxias.
8. Velocidade de processamento:
A velocidade de processamento se refere ao tempo em que um indivíduo necessita para realizar um processo cognitivo. É a eficiência em compreender, agir em resposta a um estímulo, integrando informações cognitivas e fornecer uma resposta.
9. Inteligência:
É uma capacidade mental geral que nos permite realizar com sucesso as mais diversas atividades humanas, dependentes ou não do conhecimento escolar e acadêmico. Envolve habilidade de raciocinar, resolver problemas, pensar abstratamente, aprender com a experiencia e não só com o ensino formal, planejar e compreender ideias complexas, por fim, influencia todas as habilidades cognitivas. Na maioria dos casos, testes de inteligência globais podem ser aplicados para entender melhor o perfil cognitivo do indivíduo. Inteligência cristalizada e fluida.
10. Emoções e Comportamento:
Avaliação de aspectos emocionais, como regulação emocional, comportamento social e adaptabilidade.
11. Motricidade:
Testes que avaliam a coordenação motora e a destreza, tanto fina quanto grossa.
12. Inteligência Emocional
Avaliação da capacidade de reconhecer, entender, e gerenciar as próprias emoções e as dos outros. Abrange habilidades como autoconsciência, autocontrole, automotivação, empatia, habilidades sociais.
13. Personalidade:
verificar a organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa.
vEJA
AS ETAPAS DE UM DIAGNÓSTICO NEUROPSICOLÓGICO
Um diagnóstico neuropsicológico é um processo de avaliação que visa identificar e compreender as funções cognitivas, emocionais e comportamentais de um indivíduo, especialmente em relação a possíveis disfunções cerebrais ou condições neurológicas. Esse diagnóstico é realizado por um neuropsicólogo e envolve várias etapas:
- Entrevista Clínica: O neuropsicólogo conversa com o paciente e, frequentemente, com familiares e escola (se o cliente for uma criança), com outros profissionais (psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, etc), para entender a história clínica, os sintomas apresentados e o impacto na vida cotidiana
- Avaliação Neuropsicológica: O Neuropsicólogo aplica uma série de testes padronizados que avaliam diferentes áreas cognitivas, como inteligência, memória, atenção, linguagem, habilidades visuoespaciais, funções executivas, personalidade, inteligência emocional, psicopatologias, etc. Esses testes ajudam a identificar pontos fortes e fracos nas capacidades cognitivas e sociais do paciente.
- Interpretação dos Resultados: Os dados obtidos nos testes são analisados para determinar se há potencialidades ou déficits cognitivos ou comportamentais, e como esses déficits podem estar relacionados a condições neurológicas, psiquiátricas ou de desenvolvimento.
- Elaboração do Laudo: O neuropsicólogo redige um relatório/laudo detalhado que inclui os resultados da avaliação, o diagnóstico, e recomendações para intervenções, reabilitação ou tratamento.
- Feedback: O profissional compartilha os resultados com o paciente e familiares, explicando as implicações do diagnóstico e sugerindo estratégias de manejo.
Essas avaliações ajudam a identificar déficits ou alterações nas funções cognitivas, contribuindo para um diagnóstico preciso e orientando intervenções terapêuticas adequadas.
CONHEÇA A
EMISSÃO DO LAUDO NEUROPSICOLÓGICO
No diagnóstico neuropsicológico, diversas funções cognitivas e comportamentais são avaliadas para entender o funcionamento do cérebro e identificar possíveis potencialidades e disfunções, e posteriormente emitir um Laudo Neuropsicológico.
Após a avaliação de todas essas funções faz-se o Laudo Neuropsicológico, que é elaborado pelo psicólogo especialista em neuropsicologia, o Laudo inclui:
Dados Pessoais: Informações sobre o paciente, como nome, idade e histórico médico.
Motivo da Avaliação: Descrição do motivo pelo qual a avaliação foi solicitada, como dificuldades cognitivas, comportamentais ou emocionais.
Procedimentos da Avaliação: Detalhes sobre os testes e instrumentos utilizados durante a avaliação.
Resultados: Análise dos resultados dos testes, destacando áreas de força e fraqueza nas funções cognitivas.
Diagnóstico: Se aplicável e conclusivo, o laudo pode incluir diagnósticos relacionados a condições neurológicas ou psiquiátricas, mas, nem sempre é possível.
Recomendações: Sugestões para intervenções, tratamentos ou estratégias de reabilitação.
Esse laudo pode ser utilizado em contextos clínicos, educacionais ou de pesquisa, dependendo da necessidade do paciente. Também podem ser usados para obtenção de benefícios, como: transporte, aquisição de medicação de alto custo, entre outros.
Descubra
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO NEUROPSICÓLOGO
Na Universidade: com produção científica, mestrado e doutorado, parceria com centros internacionais, ensino nas especializações e extensões.
Nas Instituições:
Neuropsicologia e Saúde Mental: favorece a identificação de déficits cognitivos específicos e comuns em quadros psiquiátricos. Nas demências. Percepção acurada dos aspectos comportamentais do indivíduo, por exemplo, habilidades para execução de tarefas. Contribuição para diagnóstico diferencial e quadros mistos.
Neuropsicologia e Transtornos do Desenvolvimento Intelectual: diagnóstico de Deficiência Intelectual e o seu impacto na vida diária. Diagnóstico Diferencial entre Transtornos Psiquiátricos e Deficiência Intelectual. Possibilidade de Empregabilidade: nível, função e aptidão. Emissão de laudos para concessão de Benefícios (transporte, aposentadoria, tratamento medicamentoso de alto custo, entre outros).
Neuropsicologia e Educação: avaliação das dificuldades de aprendizagem e estabelecimento de sua relação causal com o desenvolvimento cognitivo. Interface com outros profissionais da saúde e educação, visando: compreensão mais ampla e acurada do fenômeno, estabelecimento de metas de intervenções conjuntas, orientação e manejo do ambiente familiar e escolar para melhor rendimento acadêmico.
Neuropsicologia Forense: usa as bases teóricas, metodológicas da neuropsicologia para investigar a relação entre o funcionamento cérebro e comportamento. O profissional neuropsicólogo pode atuar como assessor técnico independente das partes envolvidas num processo. A avaliação neuropsicológica pode ser solicitada como um exame independente com o objetivo de avaliar a presença de transtornos neurológicos e/ou psiquiátricos e seu impacto na cognição e no comportamento das partes envolvidas num processo judicial.
Neuropsicologia em Contexto Hospitalar: Neurologia: realização de diagnóstico diferencial, psicoeducativo e suporte aos pacientes e familiares, bem como a reabilitação. Neurocirurgia: sequelas cognitivas e comportamentais decorrentes de lesão cerebral adquirida por um tumor, por exemplo, Aneurisma, AVC, Traumatismo Crânio Encefálico e Avaliação Pré e Pós- cirúrgica. Neurocirurgia Funcional: avaliação e indicação cirúrgica, no caso de Parkinson, epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso. Oncologia: avaliação pré e pós-operatória e reabilitação de alterações cognitivas decorrentes de tumores do sistema Nervoso Central. Hematologia: hepatite C, transplante de fígado e leucemia. Doenças Infecciosas: HIV, Neuro sífilis, encefalites por herpes, por exemplo. E os impactos de todas essas patologias na cognição e na vida diária.
Neuropsicologia Clínica: avaliação neuropsicológica e reabilitação em vários contextos. Processos de intervenção, participação da família e da escola, psicoeducação. Prestação de serviços para pessoa física, convênios e assessorias. Orientação e Encaminhamentos.
OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA NEUROPSICOLOGIA INCLUEM
Avaliação Cognitiva: A neuropsicologia utiliza testes e avaliações para medir diferentes funções cognitivas, como memória, atenção, linguagem, raciocínio e habilidades visuoespaciais. Essas avaliações ajudam a identificar déficits e a entender como condições neurológicas afetam o comportamento.
Diagnóstico: Neuropsicólogos diagnosticam condições que afetam o funcionamento cerebral, como lesões cerebrais, demências, transtornos de desenvolvimento e doenças neuropsiquiátricas.
Reabilitação: Após a avaliação e diagnóstico, a neuropsicologia também se envolve na reabilitação de indivíduos que sofreram lesões ou que apresentam disfunções cognitivas. Isso pode incluir o desenvolvimento de programas de reabilitação para ajudar os pacientes a recuperar habilidades ou a se adaptar a novas circunstâncias.
Pesquisa: A neuropsicologia é um campo ativo de pesquisa, buscando entender como diferentes áreas do cérebro estão relacionadas a funções específicas e como intervenções podem melhorar o funcionamento cognitivo.
Intervenção: Além da reabilitação, a neuropsicologia também pode incluir a aplicação de estratégias para melhorar o aprendizado e o desempenho em diversos contextos, como escolas e ambientes de trabalho.
Em resumo, a neuropsicologia é uma disciplina que busca integrar conhecimentos sobre o cérebro e o comportamento humano, contribuindo para o diagnóstico e tratamento de condições que afetam a cognição e o comportamento. Pode acontecer do Neuropsicólogo trabalhar somente com o diagnóstico, ou somente com a reabilitação, ou somente com a pesquisa ou intervenções. Geralmente o Neuropsicólogo não atua nos vários campos da neuropsicologia simultaneamente.
ENTENDA SOBRE
Reabilitação e Intervenção Neuropsicológica
A intervenção Neuropsicológica é um grupo de sessões de estimulação cognitiva, que são realizadas com a intenção de estimular as funções cognitivas, como a memória, a atenção, o raciocínio, a capacidade de resolução de problemas, entre outros. A intervenção pode ser realizada com crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Durante a intervenção são realizadas várias atividades para estimular diferentes funções cognitivas, de acordo com um programa previamente estruturado. Trata-se de um programa personalizado para melhorar as dificuldades cognitivas que possam interferir no funcionamento diário da criança/adolescente/adulto. Os objetivos e as atividades são definidos em colaboração com a pessoa e mediante os resultados de uma avaliação neuropsicológica prévia.
Mas, nem sempre o neuropsicólogo que trabalha com o neurodiagnóstico também fará a reabilitação. Às vezes, um neuropsicólogo quer trabalhar somente com o neurodiagnóstico, outro somente com a reabilitação e as vezes um outro quer trabalhar nas duas áreas.